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06.05 2013 Comunicado 08/2013 CONFERÊNCIA DO IFC
06/05/2013
Comunicado n° 08/2013
Florianópolis, 03 de maio de 2013.
COMUNICADO 08/2013
CONFERÊNCIA DO IFC
Prezado associados,
Conforme convite enviado anteriormente, foi realizada em são Paulo nos dias 25 e 26 de abril de 2013 a SME BANKING REGIONAL CONFERENCE, promovida pela International Finance Corporation - IFC, com foco na apresentação de experiências bem sucedidas a nível mundial, referente ao provimento de serviços financeiros e não financeiros para microempreendedores, microempresas e pequenas empresas, incluindo os serviços da área de microfinanças.
Acessando ao site (http://www.lacsmebankingconference.org/) podemos verificar a relação dos palestrantes, bem como resumo do conteúdo das apresentações. Cabe observar que mesmo se tratando de um evento voltado às instituições reguladas, os temas tratados também se aplicam ao universo das instituições não reguladas, com importantes subsídios à definição de estratégias para atendimento do segmento posicionado na base da pirâmide. As instituições brasileiras presentes foram o sistema Sicredi (representando o segmento das cooperativas) e o Tribanco (Banco Comercial controlado pelo grupo atacadista MARTINS).
Na abertura do evento esteve presente o Diretor do Banco Central (Feltrim), responsável pelo Projeto Inclusão Financeira que enfatizou a importância do PNIF – Parceria Nacional para Inclusão Financeira, cujas ações serão anunciadas no VI Fórum Inclusão Financeira de 2014 a ser realizado em Florianópolis/SC, conforme já informado pela Diretoria da AMCRED-SC. A principal destas ações é o aprimoramento do marco regulatório que prevê o estimulo a migração das instituições não reguladas para atuação em ambiente sob supervisão do Banco Central, com ampliação do escopo de negócios. Neste sentido, informou quanto à aprovação da constituição das SCMEPP controladas pelo FINSOCIAL e CEAP Maranhão.
De uma maneira geral, houve um grande consenso por parte dos apresentadores e moderadores de que existe um enorme déficit (gap) de atendimento aos micro e pequenos empreendedores posicionados na base da pirâmide, formalizados ou não. O resultado das pesquisas apresentados pela IFC apontam para um déficit de atendimento da ordem de 50%, ou seja; metade do segmento representado pelas MPE não tem acesso a serviços financeiros adequados ao empreendedorismo, por isso são muito vulneráveis, o que é confirmado pela alta taxa de mortalidade verificada no segmento. O problema se agrava à medida que são estes empreendimentos os grandes responsáveis pela geração de emprego.
A partir do consenso, a grande questão levantada que impede o atendimento pelas instituições reguladas e consequentemente o acesso ao crédito em condições adequadas é a falta de informações para avaliação do risco destes empreendedores, na sua grande maioria informais ou mesmo com empresas formalizadas, mas com grande parte da sua movimentação financeira não registrada. Dentro deste contexto as apresentações que se sucederam dos casos de sucesso que chamam atenção em várias regiões do mundo, tais como: Austrália, Turquia e Tanzânia; confirmaram a importância de modelos de avaliação de risco de crédito baseadas na proximidade com o cliente e na incorporação de outros fatores de ordem qualitativa, de forma a proporcionar maior efetividade no atendimento em contraposição aos modelos tradicionais estruturados exclusivamente a partir de dados quantitativos (credit score).
Foram apresentadas também experiências relevantes (Turquia) de Bancos que associam o crédito com a educação empreendedora, em operações de grande volume e rentáveis derrubando mitos do sistema financeiro tradicional de que o custo elevado na assistência ao empreendedor inviabiliza este tipo de atendimento, pelo contrário, conforme foi demonstrado, pois o atendimento diferenciado fideliza o empreendedor e configura uma grande oportunidade para vendas cruzadas (oferta de outros produtos).
Outra experiência muito interessante relatada foi do Westpac Banking Corporation da Austrália reconhecida pelo Banco Mundial como a melhor prática global na oferta de serviços financeiros para o segmento de mulheres empreendedoras. Os dados apresentados surpreenderam pela dimensão da força das mulheres no mundo dos negócios, justificando a criação de estruturas especializadas para atendimento do segmento que requer uma abordagem diferenciada. Uma afirmação da Diretora do Westpac chamou a atenção pela veemência com que dirigiu aos banqueiros presentes afirmando: “Se querem ganhar dinheiro como estamos, devem levar mais a sério o mercado representado por mulheres empreendedoras”.
Questões como segmentação de mercado, estruturas de atendimento especializadas, tecnologia e aproveitamento de cadeias de valores foram muito citados como fatores de sucesso, mas em se tratando de crédito para microempreendedores e pequenas empresas as experiências bem sucedidas apresentadas convergem no sentido de valorizar a proximidade e o relacionamento direto com o cliente no local da atividade econômica, com a consideração de fatores qualitativos para avaliação do risco de crédito, além dos fatores quantitativos tradicionais, o que de certa forma é conflitante com a estratégia da maioria das instituições financeiras brasileiras que buscam a automação total e mínimo contato com o cliente. Neste sentido chamou atenção a experiência do Tribanco (Banco Triângulo), instituição financeira controlada pelo grupo atacadista MARTINS, estruturado para atender o universo de 150 mil clientes varejistas que além do acesso aos serviços financeiros recebem educação empreendedora através da Universidade do Varejo mantida pelo grupo.
Como podemos observar, as experiências relatadas e as conclusões do evento podem ser muito bem aproveitadas no nosso segmento a partir da sua adaptação a realidade de cada instituição.
Diretoria Executiva da AMCRED-SC