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08.06.2011 - Entrevista: Equilíbrio na liberação de recursos públicos e privados e empréstimos a juro zero a microempresários: os desafios do Badesc

12/07/2011

Por Pedro Machado

 

Considerado um tradicional parceiro financeiro de prefeituras, a Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina(Badesc) agora quer se tornar a mesma referência em operações de investimento junto a representantes da iniciativa privada. Pelo menos é o que pretende o novo presidente da autarquia, Nelson Santiago, que assumiu o cargo no início do ano. “Queremos ser um top of mind em operações de investimento em Santa Catarina”, projeta. O dirigente concedeu entrevista exclusiva ao Noticenter e afirmou: o principal objetivo de sua gestão é equilibrar a liberação de recursos entre poder público e empresas. “O Badesc é uma instituição de fomento da economia catarinense. Nasceu para apoiar os empreendedores que investem no Estado, gerando empregos, renda e tributos. Não vamos deixar de atender as prefeituras e elas são importantíssimas na nossa carteira de clientes, mas não acho adequado investirmos majoritariamente no setor público”, avalia. “Acredito que o correto seja equilibrarmos as ações”, complementa.

Dos R$ 190 milhões emprestados pela Badesc em 2010, cerca de R$ 120 milhões (63%) foram destinados a prefeituras. Diante dos números, Santiago impôs um desafio à sua equipe: recuperar terreno nas operações privadas, aproximando a instituição do empresariado catarinense. Para isso, estão sendo desenvolvidas ações estratégicas interna e externamente. “No âmbito interno, estamos revendo todos os nossos normativos, com um olhar crítico. Eles estão sendo atualizados levanto-se em conta a realidade atual do mercado financeiro”, garante Santiago. “Estamos buscando agilidade e desburocratização sem, no entanto, nos descuidarmos da segurança na concessão do crédito”, acrescenta.

Paralelamente, a instituição está tentando se aproximar ainda mais do empresariado através das entidades de classe. Santiago explica que, além dos investimentos em mídia focados no empresário, o Badesc tem feito apresentações em associações empresariais, sindicatos patronais e conselhos profissionais. Nestes encontros, são destacadas as linhas de crédito disponíveis e as vantagens de tomar recursos numa agência de fomento, que tem juros menores e prazos de carência e amortização maiores que os bancos comerciais. “Incentivo sempre os empreendedores a nos procurarem no momento de tomar recursos no mercado, comparando nossas condições com aquelas oferecidas pelos outros bancos”, conta. “Queremos ter essa possibilidade de competir de igual para igual com qualquer instituição financeira”.

Os números contabilizados entre janeiro e abril já sinalizam que a política adotada pelo Badesc vem dando resultado. Neste período, a Agência aprovou operações na ordem de R$ 98,6 milhões, calcula Santiago. Deste montante, foram destinados R$ 47 milhões para o setor privado e R$ 47,6 milhões para prefeituras, além de outros R$ 4 milhões em contratos de microcrédito com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). “É um bom resultado, mas esperamos um segundo quadrimestre ainda melhor, porque normalmente o início de ano é menos aquecido em termos de contrato”, analisa o presidente.

DINHEIRO A JURO ZERO

Para o segundo semestre o Badesc aposta em um novo trunfo para estreitar seu relacionamento com a iniciativa privada. A Agência vai lançar um programa especial que prevê empréstimos, com juro zero, para pequenos empresários, enquadrados no Empreendedor Individual (EI). A ideia, já colocada em prática pelo governador Raimundo Colombo quando prefeito em Lages, é estender a iniciativa a todo o Estado. “Estamos trabalhando para formatar este programa, que será um dos marcos da gestão do governador Colombo”, adianta Santiago.

 

LINHAS DE CRÉDITO

 

Para o setor privado, Santiago explica que o Badesc atua com recursos próprios e repasses de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Atualmente, a Agência tem um limite pré-aprovado de R$ 70 milhões por semestre com o BNDES – valor que pode ser aumentado, se necessário –, além de R$ 320 milhões de recursos próprios em caixa para investimentos.

 


Santiago lembra que as linhas mais acessíveis, em termos de juros e prazos de pagamento, são aquelas destinadas a investimentos em construção e aquisição de máquinas e equipamentos. Por isso, o dirigente sempre recomenda os empresários a usarem os recursos do Badesc para estes investimentos, preservando seu capital de giro. “Muitas vezes as empresas ‘queimam’ seu recurso próprio, por exemplo, na construção de um galpão. Ficam sem giro e precisam buscar este dinheiro no mercado. Mas os juros pagos numa operação de giro são muito maiores do que aqueles cobrados num empréstimo para investimento fixo”, adverte.

O presidente do Badesc esclarece ainda que em operações de investimento, geralmente, há a possibilidade de incluir recursos para capital de giro, em valores que podem alcançar até 30% do montante contratado.

 

VÉSPERA DE ANO ELEITORAL ACELERA EMPRÉSTIMOS PÚBLICOS

 

Apesar de buscar o equilíbrio na liberação de recursos para iniciativas públicas e privadas, Nelson Santiago admite que este ano, particularmente, a quantidade de empréstimos para prefeituras deve ser maior, já que em 2012 prefeitos estarão proibidos de formalizar contratos entre julho e outubro em função das eleições municipais. “Com certeza este ano teremos um grande número de empréstimos por parte das prefeituras. Mesmo assim, temos conseguido equilibrar as liberações. E isso vem acontecendo não porque estamos criando qualquer dificuldade para o setor público. Ocorre exatamente como reflexo do trabalho mais intenso que temos feito junto à iniciativa privada, que vem respondendo aos nossos estímulos”, conta.

O executivo fixou como meta alcançar os R$ 250 milhões em empréstimos, o que representa um aumento de pouco mais de 30% em relação a 2010 – R$ 190 milhões. No entanto, caso o ritmo do primeiro quadrimestre seja mantido, este montante pode subir para até R$ 300 milhões. “Temos hoje boas prospecções em carteira, estamos modernizando nosso normativo, como forma de facilitar o acesso do setor privado ao crédito, e temos uma equipe que está muito motivada em atingir nossas metas”, garante Santiago.

 


Fonte: Noticenter