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13.07.2011 - Organizar para crescer - parceria orienta gestão em microempresas de Caçador
13/07/2011
de Silvestre Lacerda
Auxiliar a continuidade e o crescimento do negócio do microempreendedor. Com esse objetivo o Banco do Pequeno Empreendedor de Caçador (Bapem), iniciou em março de 2011 um projeto de consultorias gratuitas para orientação administrativa dos seus clientes. Com o serviço, as empresas/clientes da organização receberam o suporte de uma equipe de acadêmicos com a missão de orientar, ensinar ferramentas de gestão e de vendas para melhorar o ambiente organizacional, gerar resultados e recuperação.
O trabalho, uma parceria entre a Empresa Junior da Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp) e o Bapem, já atendeu 43 microempresários no primeiro semestre de 2011. Por enquanto o projeto piloto abrange apenas a região de Caçador, onde a organização possui uma carteira ativa de cerca de 150 clientes.
Para a diretora executiva do Bapem, Franciele Martins (à esquerda na imagem), com a consultoria os microeemprededores podem resolver problemas de gestão e aumentar os lucros. “Para as pequenas empresas e clientes informais as vantagens são inúmeras. Os acadêmicos orientam em problemas pontuais, que podem ser simples e resolvidos em pouco tempo, porém falta a visão de um terceiro, nesse caso o acadêmico. Já para os alunos, é a chance de ganhar experiência de mercado”, informou.
O projeto continua neste semestre. A partir de julho trinta novos clientes da região de Caçador passarão a receber as visitas dos consultores. Segundo a gerente de marketing da organização, Fabiana Ribas (à direita na imagem), é importante manter o espírito do microcrédito, o desenvolvimento social e a geração de renda, “além de pegarem o crédito queremos que continuem o negócio para o desenvolvimento sócio econômico da comunidade”, comentou.
Diagnóstico das prioridades
A consultoria consiste em propor mudanças prioritárias que serão definidas em conjunto com o microempreendedor atendido. “Nada é feito sem a autorização dos donos do negócio”, informou o coordenador da Empresa Junior, Emerson Cardoso Marques (foto ao lado), acadêmico da última fase do curso de administração da Uniarp e responsável por orientar a tarefa dos estudantes.
Todas as semanas quatro acadêmicos visitam as empresas selecionadas. Os critérios de seleção para receber a consultoria são apenas três: pertencer à região de Caçador, ser cliente ativo e não estar inadimplente com a organização de microcrédito.
Os consultores juniores tem a responsabilidade de efetuar a análise e o diagnóstico dos principais problemas encontrados. A cada quinze dias eles se reúnem, sob a orientação do coordenador, e elaboram propostas para o negócio analisado. Além disso, todos os meses encaminham um relatório das atividades ao Bapem.
Cada consultoria leva em média três meses para ser realizada e se divide em três etapas. Primeiro acontece uma análise do empreendimento, onde se observa os pontos fortes, fracos e a estruturação da empresa. Segundo momento, sob orientação do professor coordenador, os acadêmicos levam sugestões de melhorias aos clientes como: gestões financeira/custos, gestão de marketing, controle, qualidade, layout, etc...é o momento de explicar como executar estas ações. O terceiro momento é o do acompanhamento das atividades e das dúvidas que o empreendedor possa vir a ter.
Apenas dois pontos negativos foram encontrados no transcurso dos trabalhos. O primeiro e maior deles, foi perceber que muitos empresários acreditam que somente a consultoria vai resolver todos os problemas da empresa, quando a proposta é auxiliar a organização do empreendimento. O segundo foi o fato de que 15% das empresas visitadas ofereceram resistência ao trabalho. Para Emerson, este problema é cultural, “a pessoa fica com o pé atrás em ter que dar informações aos consultores gratuitamente”, comentou.
Resultados e recuperação
Segundo a gerente de marketing do Bapem, Fabiana Ribas, a maior mudança ocorre no setor financeiro, “percebemos que muitos utilizam o dinheiro da empresa com a família”, comentou. Durante a consultoria foi possível constatar que muitos comerciantes faziam retiradas do caixa sem nenhum tipo de registro. Para o coordenador do projeto é muito comum o microempresário confundir a vida financeira da empresa com sua vida pessoal, “eles não tinham controle e ficavam com a impressão de que a empresa não estava dando certo”, disse.
Lojas de roupas, salão de beleza, mercearias, representantes comerciais e até uma fábrica de papel higiênico já foram visitadas nos seis primeiros meses do projeto. Os resultados já estão sendo colhidos. Desde que teve início o trabalho de consultoria gratuita, houve um aumento significativo nas vendas de algumas empresas e profissionais.
Um exemplo é o caso de um cliente representante de material de limpeza. Em dezembro de 2010 ele fez um empréstimo no valor de R$3.500,00 junto ao Bapem e em março de 2011 começou a receber a consultoria.
O diagnóstico constatou que não havia um roteiro para atendimento aos clientes em sua agenda. O comerciante chegava a se deslocar de Caçador até Arroio Trinta, cidades distantes 60 km, em um único dia. Após a elaboração de um cronograma geográfico, que ele passou a utilizar, o profissional obteve resultados significativos. “Com a reorganização da sua vida conseguimos aumentar suas vendas em 230%”, afirmou Emerson.
Manter o espírito
Para o ex-operador de máquina, Antônio Carlos Ribeiro Alves, a consultoria tem sido muito positiva. Um dos mais novos empresários de Caçador não possuía nenhuma experiência no comércio. Em janeiro de 2011 a oficina, localizada no primeiro andar da sua residência, deu lugar a Mercearia Caçanjurê que atualmente emprega toda a família. Antônio afirma ter estudado o mercado antes de decidir abrir as portas do seu empreendimento, “fiquei oito anos pesquisando o negócio e vi que era 100% viável, mas não tinha capital. Foi quando consegui o dinheiro com o Bapem”, comenta.
Em março ele começou a receber as visitas dos consultores e passou a ouvir orientações de como proceder em relação ao controle financeiro. “Devagarzinho estamos aplicando tudo o que aprendemos com a consultoria e está dando resultado”, informa. Atualmente ele abre as portas do comércio bem cedinho, às sete da manhã, para aproveitar o fluxo de alunos a caminho da escola, “as moedinhas das crianças ajudam, elas sempre passam para comprar um doce”, disse.
“Eles explicam o que a gente tem dúvida”, afirma Gabriela Kormann da Costa, sobre o trabalho da consultoria junior. Em 2010 ela inaugurou a Gab Vest, loja com foco na comercialização de confecções infantis. Hoje a empresária emprega uma funcionária registrada e a filha. Como todo empresário iniciante sua maior dúvida é sobre como fazer o controle de estoque e financeiro. Em maio ela passou a receber a visita dos consultores e afirma estar muito satisfeita, "tem ajudado muito, parece que os bancos tradicionais estão tão sobrecarregados que só dão atenção aos grandes“, avaliou.
Assessoria de Comunicação AMCRED-SC