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13.12.2011 - Microfinança é uma das bases mais fortes da economia

13/12/2011

Em entrevista ao Portal EconomiaSC o presidente da Amcred/SC fala sobre a importância das microfinanças para a economia. 

 

A Associação das Organizações de Microcrédito de Santa Catarina - Amcred/SC- reúne as organizações da sociedade civil de interesse público (Oscip) que operam através do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado (PNMPO) em Santa Catarina. Atualmente o Estado conta com 19 OSCIPs certificadas pelo Ministério da Justiça. Elas nasceram dentro do Programa Brasileiro de Microcrédito, em 1999 e hoje atendem os 295 municípios de Santa Catarina.

 

A entidade nasceu em 2005, quando efetivamente o modelo de microcrédito em Santa Catarina começava a ganhar força e as principais lideranças sentiram a necessidade de formar uma rede. Em entrevista ao Portal Economia SC, o presidente da entidade Luiz Carlos Floriani explica qual o papel da Amcred no fomento de microempresários que precisam de apoio para seus negócios.

 

As OSCIPS especializadas em microcrédito têm algum tipo de coordenação do Governo Federal, quem define se este microcrédito oferecido é valido?

 

Além de serem certificadas pelo Ministério da Justiça, as organizações trabalham sobre a coordenação do Ministério do Trabalho, a partir da Lei 11/110, que instituiu o Programa de Microcrédito Produtivo e Orientado, determinando os limites de taxas, os valores e os tipos de clientes que podem ser atendidos.

O próprio nome diz que elas não operam com consumo, neste caso, existem créditos para as unidades produtivas, pequenos negócios com ênfase para os que não são assistidos pelo sistema de crédito financeiro tradicional, que permite que cerca de 70% da nossa carteira de empreendedores informais.

 

Como as Organizações auxiliam no desenvolvimento dos microempreendedores desta forma orientada?

 

Para desenvolver os negócios, tem de haver a orientação focada na utilização do crédito. Por exemplo, a gente vai visitar todas as pessoas que pedem o microcrédito, não importa onde ele more. Nós vamos verificar a necessidade que aquela pessoa tem a viabilidade do negócio que essa pessoa tem, os riscos aquele negócio tem e a capacidade de pagamento que ela tem.

 

O micro-empreendedor, como por exemplo, uma senhora que costura pra fora em casa, pode participar do programa de microcrédito?

 

Este é o alvo que tem maior dificuldades de receber apoio financeiro. Não descartando as microempresas já formalizadas, porque mesmo formalizadas muitas tem dificuldades de conseguir crédito.

Mas o alvo é onde exista uma característica social forte, de possibilitar a esses microempreendedores a produzir, a gerar renda familiar para que ele tenha a oportunidade de desenvolver seu negócio e de maneira orientada.

 

Como é feita a avaliação do perfil do microempreendedor na hora de obtenção do microcrédito?

 

A Amcred tem tabelas, mas boa parte da nossa avaliação é subjetiva, na hora em que fazemos a visita nós montamos um pequeno plano de negócio, como por exemplo, estabelecer um fluxo de caixa, para definir junto com o empreendedor a receita e a despesa que ele vai ter .

Isso nos dá o primeiro parâmetro de viabilidade econômica do negócio, checar se o microempresário está rendendo, pois existem muitos negócios que o próprio empreendedor não se dá conta que gasta mais do que fatura. Isso também é importante para definir o tamanho, juntamente com o empreendedor, do recurso que ele vai ter.

Assim verificamos a viabilidade do investimento. E caso o negócio seja desvantajoso, somos obrigados a mostrar que o financiamento não é necessário para a empresa dele, pois não irá dar retorno algum.

 

É apenas a Amcred que faz esta avaliação? Vocês têm parcerias com outras entidades?

 

Veja bem, neste primeiro momento, e orientação é para o crédito. Na segunda etapa, a gente tem uma parceria muito interessante com o Sebrae, com o qual fazemos regularmente convênios para dar assistência aos tomadores de microcrédito, focada na capacitação gerencial.

 

Após a análise do microempreendedor, qual é o passo seguinte dentro das OSCIPS?

 

São feitas as primeiras consultas básicas, onde são vistos os nomes no SPC e Serasa. Feita essa análise, o processo é avaliado por um Comitê de Crédito que existe dentro das organizações, onde são checadas as informações que o agente de crédito conseguiu. Após uma semana tem a resposta para que a operação seja efetivada.

Como a maior parte das informações que a gente busca são subjetivas e apuradas junto à comunidade aonde o microempreendedor atua, então o agente entra em contato com as pessoas da localidade, distribuidores, compradores e afins para saber como é que o serviço daquele empreendedor.

Assim obtemos uma referência da qualidade do serviço oferecido. Estas informações são mais importantes do que aquelas retiradas do SPC ou Serasa.

 

Por quem são formados estes comitês e como funciona?

 

O comitê é formado pelo agente de crédito que faz a visita, pelo gerente da organização ou por uma pessoa especifica direcionada a participar. Nada mais é do que o agente de crédito defendendo o processo e trazendo o para uma analise mais apurada.

 

E como fica a inadimplência no setor de microcrédito?

 

Veja bem, esse é um setor de baixa inadimplência. O perfil de cliente é muito fiel, e se os negócios vão bem, dificilmente ele deixará de pagar. A maioria deles que não pagam, não fazem isso por má fé, mas porque não consegue bancar. Nesta hora que vemos a importância da análise feita.

 

O sr. falou no discurso de lançamento do Juro Zero, que a Amcred liberou em 12 anos cerca de R$1 bilhão. Qual foi o retorno dessa verba destinada?

 

Foram emprestados R$ 1,26 bilhões. Então traçando um parâmetro hipotético, partido de um principio que, considerando média de prazo destes clientes, mais o spread, estamos falando de cerca de 45% do valor, ou seja, nós teríamos que ter recebido praticamente R$ 1,5 bilhão aproximadamente. De forma bem subjetiva, são retornados para a base da economia praticamente R$ 2 bilhões para o Estado.

Importante também é dizer que como o crédito é orientado para produção, na hora que liberamos o crédito para o microempreendedor, ele pega o dinheiro e imediatamente investe no seu negócio. E assim ele vai fazer girar o dinheiro em outras bases da economia.

É uma reação virtuosa onde a base é orientada para consumir e gerar renda e consequentemente o crédito que ele toma aquece outros setores da economia propriamente dita. No Brasil, este é um novo modelo de negócio. E temos informações que afirmam que a microfinança é uma das bases mais fortes da economia na América Latina.

 

Parte deste montante investido volta para Amcred?

 

Não, este valor não volta para Associação, ele vai para as organizações de microcrédito. Como elas não são financeiras, nem privadas, não existe lucro. Como são OSCIPs com fundo social, todo o retorno é reinvestido.

 

Qual o balanço atual das negociações feitas? Atualmente a carteira ativa está em quanto?

 

São R$ 148 milhões na mão, 40 mil empreendedores, que estão utilizando este recurso para tocar seus negócios. E esperamos que isto continue crescendo, já que nestes últimos 12 anos temos estado em uma esfera crescente atendendo praticamente apenas 20% do mercado potencial da microfinança.

 

Quais as mudanças com o Projeto Juro Zero? Qual é o balanço que o senhor faz, já que em apenas duas semanas foram assinados mais de 700 contratos?

 

O Juro Zero fechou 737 operações em um mês e gerou praticamente R$ 2 milhões em negócios dentro do Estado. A minha análise é que todos foram muitos felizes, e nós estamos elogiando a competência de várias entidades que acreditaram em um programa que fomente o microcrédito.

Agora não termina por ai, as organizações também são competentes, pois não tem como sair emprestando dinheiro sem uma boa análise. Então temos que realizar um trabalho bem feito para que possamos ter um retorno de satisfação e não de inadimplência.
 

Assessoria de Comunicação Amcred/SC