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20.11.2015 Encontro das instituições de microfinanças de SC mostra setor fortalecido
20/11/2015
Evento foi realizado nos dias 18 e 19 de novembro em Blumenau.
Durante o encontro, a presidente da Amcred-SC, Isabel Baggio, disse que o fundo garantidor de crédito das instituições de microcrédito deve começar a operar em julho de 2016. Badesc anunciou redução das taxas de juros e Sebrae-SC garantiu a continuidade do Programa Juro Zero por pelo menos mais três anos.
Promovido pela Amcred-SC, encontro que reuniu 17 instituições de microfinanças de Santa Catarina foi encerrado nesta quinta-feira (19), em Blumenau, com o anúncio da criação de um fundo garantidor de crédito, que deve começar a operar em julho de 2016. Segundo a presidente da Amcred-SC (Associação das Organizações de Microcrédito e Microfinanças de Santa Catarina), Isabel Baggio, há uma estimativa de que 25% da carteira de clientes das OSCIPs venham a aderir ao fundo, que tem como principal característica, a dispensa de avalista. “É uma conquista importante do ponto de vista social, pois vai permitir que o dinheiro chegue ao microempreendedor mesmo com poucas garantias”, avaliou a presidente. O evento marcou ainda o Dia Estadual do Microcrédito (18 de novembro).
O presidente do Badesc, Olívio Rocha, que participou do encontro, anunciou que o banco de fomento vai reduzir as taxas de juros para as instituições de microfinanças em dois pontos percentuais ao ano para as que forem avaliadas com B+, e em 1,5 ponto percentual para as que otiverem a classificação B na nota de risco (ou rating). Rocha disse ainda que o Badesc vai adotar o Sistema de Informações de Crédito do Banco Central para a instituição de um fundo de aval. O SCR é o principal instrumento utilizado pela supervisão bancária para acompanhar as carteiras de crédito das instituições financeiras. Nesse sentido, desempenha papel importante na garantia da estabilidade do sistema financeiro e na prevenção de superendividamento.
Anfitrião do encontro, o presidente da Blusol, Ido Steiner, ressaltou as diferenças entre um banco comercial e uma instituição de microfinanças: “O banco quer que o tomador do empréstimo comprove que não precisa do dinheiro, já a agência de microcrédito diz para o cliente: eu acredito no seu sonho”. Para ele, o mercado das microfinanças tem ainda muito a crescer. “Fazendo uma analogia com uma árvore frutífera, estamos colhendo apenas os frutos que estão embaixo do pé; ainda há muitos na parte de cima, mas que não enxergamos ou temos dificuldade de alcançar”. Na avaliação de Steiner, os pequenos estão enfrentando melhor a crise econômica pela qual o país está atravessando, uma vez que os índices de inadimplência continuam bastante baixos.
O superintendente regional do Sebrae em Santa Catarina, Carlos Guilherme Ziguelli, também destacou o empreendedorismo, a criatividade e a capacidade do povo catarinense de enfrentar as adversidades. Ziguelli observou que mesmo tendo apenas 1% do território brasileiro e ser um estado pouco populoso, Santa Catarina oscila entre a 5ª e a 6ª maior economia do país. Esse resultado, segundo ele, se deve em muito aos pequenos negócios. “Devemos fazer todos os esforços para preservar esse modelo de ecnomia, para que ele possa ser legado às futuras gerações”, disse o superintendente do Sebrae-SC.
De acordo com Ziguelli, os traços mais fortes do emopreendedor catarinense – a coragem de empreender e uma enorme força de vontade – ainda continuam vivos. “Mas nos dias de hoje apenas isso já não é mais suficiente. “A continuidade do nosso modelo econômico vai depender muito do microcrédito e também do conhecimento e do domínio das novas ferramentas de gestão”.
Ziguelli aproveitou a presença de dezenas de dirigentes de instituições de microfinanças presentes ao encontro para anunciar a renovação do Programa Juro Zero com o Badesc, garantindo a sua continuidade por mais três anos: “Essa é uma iniciativa vitoriosa, que alia a oferta de recursos para a produção, através do Badesc, com a orientação para a gestão, feita por intermédio dos consultores do Sebrae-SC”. Segundo ele, pelo menos 70% dos Microempreendedores Individuais (MEIs) que tomam dinheiro do Programa Juro Zero procuram o Sebra-SC para receber orientação ou fazer cursos de aperfeiçoamento da gestão.
PALESTRA
Palestrante do encontro, o economista Carlos Alberto dos Santos, diretor da Cosinergia Consultoria, falou para uma atenta pleteia por cerca de uma hora. Santos, que além de consultor é ex-diretor do Sebrae e professor, abriu sua fala observando que o grande número de agentes de microcrédito, espalhados geograficamente no estado, é um caso único no país. “Foi necessário muito empenho, muita insistência, muita resiliência para avançar e chegar a esse estágio”, disse. “E o fato de existir a Amcred-SC traz um diferencial competitivo único, que apresenta resultados expressivos: quase 2 bilhões de reais em operações, 664 mil contratos e mais de 61 mil clientes ativos”.
Ele considerou também muito relevante o grande número de MEIs (191 mil) existentes em Santa Catarina. “Se levarmos em conta que apenas 30% deles tomaram empréstimo, temos ainda uma boa margem de clientes para atender”.
Na opinião de Santos, a vocação empreendedora dos catarinenses por si só não explica totalmente o fato de o estado se desenvolver no segmento de pequenos negócios. “O microcrédito, com sua capilaridade, teve um papel decisivo no desenvolvimento das pequenas empresas”, observou o consultor.
Sobre o futuro do setor de microfinanças, Santos acredita que é preciso uma articulação cada vez maior entre o poder público e o setor privado. “O microcrédito é uma atividade complexa e a solução oferecida pelo mercado não é suficiente”, afirma o especialista. “Os bancos tradicionais não estão preparados para esse segmento; mesmo que quisessem atuar no microcrédito, não estariam dimensionados para isso”.
Ele lembrou de experiências com microfinanças realizadas em alguns países e observou que quanto maior o país mais complexa e difícil é a operação e piores são os resultados obtidos. “Talvez a Índia seja a única exceção em que o microcrédito tenha dado certo em um país continental, mas se compararmos a população daquele país com o número de empreendedores que acessaram o microcrédito veremos que o percentual ainda é pequeno”, exemplificou. “Por isso, não dá para comparar a experiência do Brasil com a da Bolívia; pelo grau de organização e pelos números que temos aqui, o correto seria comparar Santa Catarina com um país da América Latina”.
HOMENAGEM
Durante o encontro, os ex-presidentes Romeo Vier (2006-2008) e Luiz Carlos Floriani (2008-2012) receberam da atual diretoria da Amcred-SC uma placa em reconhecimento ao trabalho pioneiro realizado por eles. A homenagem é um reconhecimento à contrbuição de cada um para o fortalecimento da entidade e o desenvolvimento do microcrédito em Santa Catarina.
PRÊMIO
O 1º Encontro do Programa de Microfinanças de Santa Catarina foi encerrado com a apresentação dos finalistas do “Prêmio Talentos do Programa de Microfinanças de Santa Catarina 2015”, nas categorias Empreendedores e Agentes de Crédito.
Os vencedores da premiação na categoria Empreendedor de Destaque foram Ednei Junior Jenkoski, de Papanduva, Helena Margarete Ferreira Kiatkoski, de Mafra, e Jônata Waterkemper, de Nova Veneza, selecionados entre dezenas de participantes, depois de receber a indicação das regionais da entidade no estado. Cada um ganhou um aparelho de telefone celular e uma máquina para captura de vendas por cartão de crédito. Ednei e Helena foram atendidos pelo Banco do Planalto Norte e Jônata pela Credisol. “Posso dizer com toda a certeza que o empréstimo que tomei na Credisol mudou a minha vida”, disse o professor e dono de escola de música, Jônata Waterkemper.
Os agentes de crédito das organizações de microcrédito também foram premiados. Annelise da Silva, de Tijucas, que trabalha no Banco do Empreendedor, Marilete Luchtenberg dos Santos, agente de crédito da Bancri, em Itajaí, e Samanta Ramirez, da Extracredi, de Maravilha, foram as três finalistas. Cada uma recebeu da Amcred-SC um notebook. Para chegar à final, os participantes passaram por uma seleção regional, que classificou os três melhores em cada uma das quatro regiões de atuação das associadas à AMCRED-SC. Entre os critérios de avaliação previstos no regulamento do prêmio está o resultado econômico alcançado pelos agentes, mas a comissão julgadora observou também critérios como tempo de atividade, atuação em outras áreas, capacidade de superação de problemas e bom relacionamento com clientes e colaboradores.
Finalista na categoria Agente de Crédito, Annelise da Silva, que é formada em Administração, disse que pretende continuar trabalhando com o microcrédito, uma atividade que, segundo ela, é muito gratificante. “Acompanhar o crescimento dos clientes é o maior estímulo”, diz Annelise. “É muito bom ver que estamos fazendo a diferença na vida das pessoas da nossa comunidade”.
CRICIÚMA SEDIARÁ 2º ENCONTRO
O encontro, realizado no auditório da Ampe (Associação das Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Empreendedores Individuais de Blumenau) foi encerrado com o agradecimento feito pelo diretor executivo da Blusol, Amadeu Trentini. Em seguida, o vice-presidente da Amcred-SC, Júlio Búrigo, que é diretor executivo da Credisol, de Criciúma, anúnciou que a cidade do sul catarinense será a sede do 2º Encontro do Programa de Microfinanças de Santa Catarina, que será realizado em novembro de 2016.
(Crédito das fotos: Daniel Zimmermann, de Blumenau)