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23.08.2011 - Entrevista: Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, fala sobre o pacote de incentivos para as micro e pequenas empresas anunciado pelo governo
23/08/2011
Para o dirigente do Sebrae, pequenas empresas precisam de crédito sem burocracia.
Fonte: Correio Braziliense - 20/08/2011
Autor: Gabriel Capriol
Responsável por 95% do número de negócios no país, as micro e pequenas empresas temem os efeitos da crise econômica global. Para Roberto Simões, presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, a entidade que defende os interesses do segmento, o pacote de incentivos anunciado pelo governo há duas semanas pode ser insuficiente para auxiliar o setor. Ao Correio, o empresário destacou que, apesar de positivas, as medidas deixaram de fora questões essenciais ao funcionamento das companhias, como o acesso ao crédito sem burocracia. "A presidente disse que as discussões continuavam abertas e que se houvesse alguns aperfeiçoamentos, eles poderiam ser feitos. Mas até agora, nada", constatou. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O governo ampliou o teto do Supersimples (imposto único do setor) e do Microempreendedor Individual. Como o senhor recebeu as medidas?
O conjunto atendeu algumas reivindicações feitas há muito tempo, o que foi positivo. Desde que o Simples foi estabelecido, o limite nunca mais havia sido revisto. Sem a ampliação, muitas empresas perderiam as condições do programa. Ela também estimula a entrada de novos empresários. A pequena redução de tributos ajudou, mas faltaram alguns pontos.
O que ficou de fora?
No lançamento, a presidente Dilma Rousseff disse que as discussões continuavam abertas e que, se houvesse alguns aperfeiçoamentos, eles seriam feitos. Mas até agora, nada. A inclusão de novas categorias no Simples não foi contemplada nessa primeira lei. De certa forma, foi uma resposta que a presidente quis dar para fortalecer as pequenas e micro empresas, para que elas enfrentem os eventuais efeitos da crise. Mas gostaríamos que o benefício fosse estendido para profissionais liberais, clínicas médicas e dentárias, escritórios de engenharia e de arquitetura, de comunicação e consultorias.
Em 2008, os pequenos empresários sofreram com as condições de crédito. Esse risco existe hoje?
O cuidado com os financiamentos também faltou no pacote. O governo prometeu que o passo seguinte ao Supersimples seria um grande conjunto de medidas tratando do microcrédito. Hoje, há alguns fundos que garantem os empréstimos, mas a impressão era de que a presidente anunciaria um novo plano de financiamentos, bancado por toda a rede oficial de bancos, incluindo o BNDES.
A linha voltada para as micro e pequenas empresas do BNDES atende as necessidades do setor?
Os financiamentos estão crescendo, mas sobre uma base muito baixa. O BNDES ainda é muito burocratizado e complicado. Mesmo as companhias grandes levam quase um ano para retirar um financiamento lá. Para as menores, que não conseguem cumprir as exigências, é muito mais difícil.
Vocês temem a crise?
É difícil antever até aonde ela pode chegar e o quanto vai nos afetar. O arrefecimento da economia com a crise é inevitável e certamente afetará as micro e pequenas empresas. O sentimento geral, porém, é de que estamos mais bem preparados do que muitos países e melhor do que estávamos em 2008. Poderemos passar de forma mais suave pela turbulência.
Silvestre Lacerda - Assessoria de Comunicação AMCRED-SC - 14h11