Notícias
Banco do Planalto Norte participa de encontro com Muhammad Yunus, Nobel da Paz e criador do Grameen Bank.
12/07/2011
O Economista Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz, por criar uma Instituição de concessão de Microcrédito, para pessoas de baixa renda esteve no Brasil no Palácio das Convenções do Anhembi em São Paulo no dia 25.08.2008, onde na oportunidade os representantes do Banco do Planalto Norte, Nivaldo Brey Junior - Gerente Executivo e Romeo Vier - Diretor Vice Presidente tiveram o privilégio de manter contato com o Nobel, e também com o representante da Confederação das Associações Comerciais e Industriais do Brasil - CACB. Guilherme Afif Domingos.
O Seminário específico sobre Microcrédito, reuniu 1.300 pessoas de toda América Latina, entre Gestores Nacionais, Estaduais e Municipais de Entidades do Terceiro Setor, Yunus relatou a experiência da transformação Social que o Microcrédito promove nas populações mais carentes e sua experiência no Grameen Bank em Bangladesh na Ásia.
Para Yunus, é importante que os serviços financeiros sejam levados às pessoas mais pobres. "Quando tudo no mundo é feito com dinheiro, nós negamos a uma boa parte da população participar e deixamos essa população sozinha. Se dinheiro traz dinheiro. Se precisamos de um dólar para captar um dólar, nós estamos à mercê dos outros".
Por isso, segundo Yunus, há 30 anos ele fez o que os bancos diziam não ser possível fazer. "Eu não sabia nada do sistema bancário. Essa foi uma grande vantagem. Eu não sabia o que estava violando. Criamos um banco que é oposto dos bancos tradicionais. Nós não exigimos advogados, garantias. Nós vamos até onde está o tomador do empréstimo, nós pensamos nas pessoas".
O Banco criado por Yunus é um sucesso. O Grameen Bank possui atualmente 12 mil funcionários, empresta cerca de U$$ 5,7 bilhões. O Banco possui 7,5 milhões de clientes, sendo 97% mulheres e atua em 40 mil aldeias do país (de um total de 68 mil). Possui cerca de 2,4 milhões de famílias titulares de empréstimos. A iniciativa de Yunus tirou 12 milhões de cidadãos da linha da pobreza, o que corresponde a 10% da população de Bangladesh.
Segundo Yunus, o Grameen Bank viabiliza estudo para 60 mil pessoas, sendo 30 mil em universidades. "Queremos que essa segunda geração tenha uma vida totalmente diferente dos pais. Eles vão dizer adeus à pobreza de uma vez por todas".
Mas quando as crianças dizem que querem procurar empregos, o Prêmio Nobel rebate a idéia. "Eu digo a eles: vocês são pessoas diferentes. Vocês devem se olhar todos os dias no espelho e repetir uma promessa: eu nunca vou procurar emprego, eu vou criar empregos. As outras crianças não são donas de banco. A mãe de vocês é. Por isso, o seu trabalho é pensar, ter idéias, criar empregos".
O Grameen Bank trabalha com pessoas abaixo da linha de pobreza. "Bangladesh não é um país fácil para os pobres por conta dos desastres ambientais. Os grandes rios da Ásia cortam o país e as enchentes são muito sérias. As pessoas morrem nos telhados das casas sem assistência", diz. Por isso, o Banco se especializou nos clientes "muito pobres".
Segundo o Prêmio Nobel, se o cliente tiver um móvel dentro de casa, terá de esperar. "Nós vamos atender primeiro as pessoas que não tem nenhum móvel. Nós estamos procurando pessoas que não tenham teto em cima das suas cabeças, que estejam na chuva. Nós damos empréstimos a mendigos".
Yunus explica que os clientes possuem conta bancária e são estimuladas a fazer poupança. "Pode ser apenas centavos, mas a economia os incentiva a crescer". O Grameen Bank não pega dinheiro de doadores ou do governo. Os empréstimos saem dos depósitos feitos pelos clientes.
Além de estimular a educação e o empreendedorismo, o Grameen Bank se preocupa com a saúde e o bem estar dos clientes. Por isso, criou seguros de vida e saúde. O cliente tem à sua disposição médicos, especialistas e enfermeiros. No caso de morte, o banco dá um funeral digno ao tomador do empréstimo. "Se a pessoa que morreu é a dona do banco e nós somos seus funcionários, nada mais justo que ela tenha um enterro digno".
Yunus conversou com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o economista, Lula admitiu que o microcrédito não funcionava no Brasil como ele esperava. "Ele me pediu ajuda e me coloquei totalmente à disposição. Disse ao presidente que é muito importante que ele apóie as OSCIPs de Microcrédito tornando-as mais sólidas para que tenham base para se expandir".
O economista voltou a repetir que o papel do governo, quando se trata de microcrédito se limita à criação de uma legislação especifica e de um órgão para regular o sistema. "O governo precisa criar o ambiente favorável para o microcrédito, mas não se envolver com a parte operacional", reiterou.