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Financiamento da casa própria transforma vida de famílias de baixa renda
22/05/2018
Linha de crédito, que já financiou cerca de mil casas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, tem parcela média de R$ 300 e chega a outros Estados em breve
Romilda Lemos divide a antiga casa de madeira no bairro Guarujá, em Lages, com o marido, a filha mais velha e duas crianças, suas netas. O espaço do imóvel é pequeno, mas a dimensão do terreno suficiente para abrigar uma segunda residência, motivou a senhora de 69 anos a ajudar o filho a construir a casa própria e reequilibrar o orçamento que vinha sendo corroído por despesas de aluguel.
Um financiamento de R$ 5,7 mil foi suficiente para a construção de uma casa de madeira onde hoje vivem o filho, a nora e dois netos de Romilda. Os recursos foram liberados pelo Banco da Família e as prestações giram em torno dos R$300 mensais. Esse, aliás, é o valor médio das parcelas do BF Casa, produto da instituição de microfinanças que garante recursos justamente para quem busca erguer a casa própria. O valor médio das casas construídas é de R$11 mil.
“Nós oferecemos crédito para famílias que não sabiam que podiam mudar sua realidade”, explica a diretora administrativa Geórgia Waltrick. “Após a construção do imóvel, essas pessoas se sentem empoderadas para começar a ter cada vez mais qualidade de vida”.
O trabalho dos agentes de crédito é fundamental para o funcionamento deste projeto. São eles que visitam as famílias, se envolvem com a comunidade e identificam possíveis clientes para a instituição. Agente de crédito há 15 anos, Karina Matos acredita que esse produto tem o poder de transformar a vida das pessoas. “Realizar o sonho da casa própria, além de empoderador, traz realização pessoal, felicidade e às vezes até dignidade para famílias que antes viviam em condições precárias”, acrescenta.
Os agentes de crédito passam por uma formação que inclui noções básicas de educação financeira e contabilidade para não-contadores, por isso muitos acabam auxiliando também no planejamento financeiro. “Muitas vezes até ajudamos eles a encontrar um meio de fazer mais receita ou a rever as despesas, identificar onde podem economizar mais um pouco, para sobrar o valor da parcela da casa”, diz Karina.
O perfil de cliente deste produto vive com, em média, três salários mínimos de renda familiar e são excluídos do mercado formal de crédito. A maioria constrói no terreno dos fundos da casa dos pais ou em terrenos cedidos por terceiros. “Por exemplo, nós tivemos uma família que trabalhava com reciclagem de lixo e vivia em uma área verde há anos, em uma casa com chão batido, feita de lona e chapas encontradas na rua”, conta a diretora administrativa Geórgia Waltrick. “Com ajuda do agente de crédito, eles conseguiram identificar uma renda mensal para contratar o financiamento e hoje vivem em uma casa muito melhor e mais digna.”
Em junho, o Banco da Família vai alcançar o marco de mil casas financiadas e com taxa de inadimplência recorde: apenas dois financiamentos não foram quitados. “E nestes dois casos a inadimplência foi por motivos graves de saúde, perfeitamente compreensíveis”, justifica Geórgia. A diretora complementa que o Banco, apesar de ser uma organização social que não visa lucro, também não pretende ser confundida com uma entidade filantrópica. “Tomamos o cuidado de verificar que todas as famílias que utilizam o crédito possuem formas de gerar renda. A maioria sobrevive de trabalhos informais, que não seriam aceitos com garantia por outros bancos, por isso temos agentes de créditos capacitados para identificar estes casos”.
Histórico
A linha de crédito BF Casa surgiu em 2012, mas apenas em 2017 tomou fôlego para se instalar em todas as cidades de atuação do Banco da Família. Com sede em Lages, a instituição tem unidades em 14 cidades de Santa Catarina e cinco do Rio Grande do Sul, com previsão de expansão ainda este ano para o Paraná.
A iniciativa começou tímida, em 2012 foram apenas 7 casas e até novembro de 2016, não chegaram a 300. “Tínhamos uma média de cinco casas financiadas por mês”, acrescenta Geórgia. “Mas percebemos que nossos agentes de crédito não se sentiam confiantes para liberar este produto, eles tinham um certo receio por se tratar de uma casa de madeira, tinham muitas perguntas sobre qualidade, questões técnicas da casa”.
Para impulsionar a linha de crédito, analisaram todas as condições de qualidade das construções, fortaleceram as parcerias com fornecedores de confiança, fizeram treinamentos intensivos com os agentes de todas as unidades e ofereceram uma promoção durante três meses reduzindo as taxas. Agora, a linha financia em média 40 casas por mês.
Sobre o Banco da Família
Com sede em Lages e prestes a completar 20 anos de atuação, o Banco da Família é uma instituição de microfinanças certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). A instituição tem atualmente 19 unidades, espalhadas pelos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul atendendo mais de 70 municípios e planos de expansão para o Estado do Paraná. Segundo levantamentos da Microrate, empresa especializada em avaliação de desempenho e risco, sediada no Peru, o Banco da Família está classificado como a melhor instituição de microfinanças do Brasil e ocupa o quarto lugar no cenário composto por instituições de microfinanças da América Latina e Caribe.
Fonte: All Press Comunicação
Fotos: Jonatan Costa