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Foromic termina com compromisso da indústria de microfinanças para aumentar a transparência
12/07/2011
Microempreemprededores e investidores sociais discutiram maneiras de conseguir uma melhor avaliação do desempenho social e uso adequado da tecnologia para aumentar a eficiência e alcançar novos clientes
MONTEVIDÉU, Uruguai - Dois anos depois da crise financeira global, a indústria de microfinanças na América Latina e Caribe continua registrando taxas importantes de crescimento e tem implementado reformas para reforçar as suas instituições, seus processos e sua relação com os clientes.
Durante o XIII Fórum da Microempresa (Foromic 2010), o evento mais importante das instituições de microfinanças na América Latina e Caribe, que terminou dia 8 de outubro, "os principais players da indústria compartilharam suas próprias experiências e discutiram os desafios do futuro, em especial, a crescente especialização e diversificação da indústria e a necessidade de se promover uma melhor maneira de medir o desempenho para aumentar a transparência e responsabilização.
O desempenho social foi o foco do Foromic, que reuniu mais de 1.500 delegados de instituições de microcrédito, cooperativas de crédito, bancos, fundos de investimento, companhias de seguros e reguladores.
A medição do desempenho social será complementada pelo uso de indicadores financeiros de desempenho mais tradicionais e que são usados atualmente pela indústria.
"A indústria atingiu o estágio no presente onde é essencial ouvir mais atentamente ao cliente, fornecendo proteção básica para o consumidor e oferecendo uma ampla gama de produtos e serviços para fazer a diferença na vida das pessoas”, disse Julie T. Katzman, gerente-geral do Fundo Multilateral de Investimentos (FOMIN), um grupo afiliado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ambas as instituições foram as organizadores do evento.
A discussão sobre o desempenho social surge no contexto de uma pesquisa para encontrar formas de expandir e profissionalizar ainda mais os seus serviços, depois de quintuplicar o número de clientes nos últimos oito anos.
De acordo com o FOMIN, no final do ano passado, havia cerca de 700 instituições de microcrédito na região, que juntos serviram cerca de 10,5 milhões de clientes e uma carteira de crédito que alcançou a soma de US$12.300 milhões. Um ano antes, porém, no final de 2008 e início da crise financeira global, a indústria tende a 9,4 milhões de clientes, com uma carteira de microcrédito EUA estimado em US$ 10.900 milhões.
Tecnologia
O debate sobre a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental nos eventos do Foromic este ano. Os participantes discutiram formas de financiamento em relação aos jovens empresários e as energias renováveis, e modelos de negócio onde a tecnologia pode facilitar o acesso a novos clientes.
Os fornecedores de tecnologia, por sua vez, falaram sobre suas próprias experiências na entrega de produtos aos pequenos produtores em áreas rurais, mas de uma forma sustentável.
O Uruguai, que na última década tem trabalhado com o FOMIN em diversos programas relacionados à tecnologia, mostrou sua iniciativa através da abertura de uma feira de tecnologia chamada "TI Show.uy 2010", promovido pela Câmara Uruguaia de Tecnologia da Informação (CUTI).
Durante o evento, duas empresas de tecnologia no Uruguai discutiram suas experiencias em prover sistemas teconológicos para as microfinanças que ganharam reconhecimento na região.
Outros tópicos
O financiamento das energias renováveis e eficiência energética foi um dos temas que gerou entusiasmo entre os participantes. Empresas que vendem produtos de energia renovável, tais como sistemas solares e estufas eficientes estão buscando atingir as mesmas pessoas que as instituições de microfinanças e esses dois setores empresariais discutiram formas de reforçar a sua colaboração.
Durante as sessões plenárias, os painéis também abordaram questões como o financiamento agrícola e rural, microfinanças e desastresnaturais, e os negócios incluindo a reciclagem e o turismo. Os participantes discutiram o acesso ao financiamento na China, Brasil e Índia, e quais lições importantes podem obter as instituições de microfinanças com base nessas experiências.
Além disso, o evento deste ano também realizou oficinas sobre o microsseguro, a inclusão financeira e regulação.
Peru volta a liderar o Ranking Mundial
Seguindo uma tradição, o Fomin mostrou o Microscópio, um ranking global do ambiente de negócios para as microfinanças. O microscópio de 2010, elaborado pela Economist Intelligence Unit, fornece uma análise detalhada do clima de negócios para as microfinanças em 54 países. O Fumin, a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Fundo Fiduciário de Assistência Técnica dos Países Baixos, através da International Finance Corporation (IFC), apoiou o estudo.
Este ano, a América Latina e o Caribe tem a mais ampla gama de resultados entre as seis regiões consideradas, uma vez que ambos são os melhores e os piores desempenhos. Cinco dos 10 países com os melhores resultados estão localizados na região, e outros quatro países da mesma região figuram entre os 10 que ocupam o último lugar. Pelo segundo ano consecutivo, Peru, Filipinas e Bolívia lideraram a classificação mundial.
Durante o evento também foi divulgada a edição 2010 das das microfinanças nas Américas: As 100 Melhores. A publicação destacou as melhores instituições de microfinanças na América Latina e no Caribe, utilizando uma classificação que combina várias medidas de desempenho das microfinanças, como o alcance, a eficiência e a transparência.
Além disso, no contexto do evento, duas instituições de microcrédito da República Dominicana e da Bolívia e uma companhia de energias renovável da Nicarágua, receberam prêmios por seus relevantes serviços à microempresa na América Latina e no Caribe.
O Foromic do próximo ano está agendada para ter lugar em San José, Costa Rica.